Coco de Pagu
Raul Bopp
Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-côco quando passa.
Coração pega a bater.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda a gente.
Eli Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Toda a gente fica olhando
o seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Fonte:
http://www.revista.agulha.nom.br/rb.html#coco
Pagu... A Musa ex-interiorana
José Silveira
izer que a obra dela é apócrifa,
Certamente, quem disser um louco é,
Coragem em um ser, maior não havia,
Ainda mais, no corpo tenro de uma mulher.
Musa brasileira, escandalosa e libertária,
Fenômeno, livre, sem atavismos, e independente,
A história está aí, e bem escrita,
Dos seus feitos, em variadas vertentes.
Uma modernista pro seu tempo,
Cuja voz doce ecoou forte, na rua,
Despojada, vestindo-se quase que nua,
Outros fatos a fez romper com a família.
Pós-menina e já era de vanguarda,
Pagú, pintou, fumou e abusou da lua,
Nada tinha de mulher interiorana,
Seus manifestos tinha-os sob sua guarda.
Por amor casou-se, e de igual amor gerou,
Pariu primeiro Rudá, qual o mito “o deus do amor”,
O mesmo amor com que o amou, ela amava,
A própria vida, e a liberdade do seu povo.
Engajou-se ao movimento antropofágico, de comer,
“no caráter metafórico da palavra”, não gente,
De não negar, mas não imitar culturas externas,
Dos ameríndios, euros e dos afros descendentes.
Mas, seu “Modus vivendi” incomodava,
Muito mais suas palavras às estruturas,
Sua escrita criticou todo o seu tempo,
Consuetudinário, de prisões e de torturas.
Aos cinqüenta e dois ano ela partiu,
Para viajem definitiva e derradeira
Ficou o mito, nunca será esquecida,
Pagú, a grande musa brasileira
1 comentários:
Cara Naurelita,
sua visita direcionou-me até aqui, despertando a curiosidade neste velho virginiano, culminando no prazer dos 'mais grandes' de vir e ter a oportunidade de conhecer o seu belíssimo trabalho. Aproveito para agradecer-lhe o simpático gesto de publicar entre outras obras literárias do seu blog, o meu poema; 'Pagu...A Musa ex-interiorana'. Ao seu dispor.
Saudações Cariocas,
José Silveira
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