sexta-feira, 30 de abril de 2010

Quinhentismo Brasileiro

Caro (a) amigo (a), 
o Quinhentismo foi a primeira escola literária brasileira, Seu grande marco é a Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel.
São Características principais da literatura informativa:
linguagem objetiva;
uso de superlativos;
maior valor histórico.

Vamos refletir um pouco sobre a carta:
"Senhor:

Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer.

Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu."

Neste trecho, Pero Vaz deixa claro o objetivo de descrever apenas aquilo que vê, evidenciando que irá fazer o seu relato sem o uso de recursos linguísticos que ornamentem a escrita, para não correr o risco de tornar a linguagem subjetiva e sujeita a interpretações indesejadas. Dai, comprendermos que se trata de uma literatura mais descritiva, objetiva, de objetivo informativo. Seu valor maior se dá por ser um dos primeiros registros mais completos sobre as terras brasileiras no período do "achamento"  da nossa terra, com descrições sobre as características físicas e o comportamento dos gentis; sobre a fauna e a flora exuberantes e  multifacetadas. 
Importante lembrar que o pensamento renascentista e as necessidades econômicas da época induziram Portugal a "desbravar mares nunca d'antes  navegados". Contudo, a ideologia q imperava não era a cientificista nem tampouco a da Reforma Protestante; mas sim a da Contra-reforma. Por isso se diz que o Brasil foi "descoberto" com uma cruz - igreja - e uma espada - da nobreza. De um lado, a Igreja Católica com a necessidade de construir um novo estado cristão. Por outro lado, a necessidade da coroa de expandir suas riquezas na tentativa de superar os problemas econômicos já existentes.


Quanto à literatura jesuítica, tinha o objetivo de catequisar os colonos e trazer informações sobre a converção dos jentis.

 Sobre os sentimentos dos navegadores, vejamos as ilustrações a seguir:
Fernando Pessoa, escritor portugues do modernismo, retoma a 
expressão "Navegar é preciso, viver não é preciso", = "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu] e escreve:


NAVEGAR É PRECISO

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:    
"Navegar é preciso;  viver não é preciso".  
Quero para mim o espírito [d]esta frase,   
transformada a forma para a casar como eu sou:  
Viver não é necessário;  o que é necessário é criar.  
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.  
Só quero torná-la grande,   
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.  
Só quero torná-la de toda a humanidade;   
ainda que para isso tenha de a perder como minha.  
Cada vez mais assim penso.  
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue   
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir  
para a evolução da humanidade.  
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.   

Neste poema Pessoa toma como exemplo o sentimento de medo e a extrema coragem dos navegadores, para espelhar o seu viver, como se esse fosse uma nau a desbravar os mares, com a força, a bravura de quem quer ser maior do que o é, de quem quer alargar a consciência e fazer da própria vida, uma viagem com mil e uma conquistas.

Caetano Veloso, então inspirando-se em Pessoa, compõe OS ARGONAUTAS. Vejamos a letra e ouçamos esta canção:



 

Os Argonautas

Caetano Veloso

O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(2x)
O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso (2x)
O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(6x)

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=1sXg-XcP9wM&feature=related
 Desta maneira, ele amplia o campo semântico da primeira expressão criada por Pompeu, atribuindo sentido aos relacionamentos, amorosos e à existência, como se toda a vida fosse uma grande viagem.


Então sigamos os exemplos dos grandes poetas e navegadores e desbravemos os mares das nossas almas.
Para se inteirar mais, veja a pesquisa a seguir:
"O Quinhentismo, fase da literatura brasileira do século XVI, tem este nome pelo fato das manifestações literárias se iniciarem no ano de 1.500, época da colonização portuguesa no Brasil. A literatura brasileira, na verdade, ainda não tinha sua identidade, a qual foi sendo formada sob a influência da literatura portuguesa e européia em geral. Logo, não havia produção literária ligada diretamente ao povo brasileiro, mas sim obras no Brasil que davam significação aos europeus. No entanto, com o passar dos anos, as literaturas informativa e dos jesuítas, foi dando lugar a denotações da visão dos artistas brasileiros.
Na época da colonização brasileira, a Europa vivia seu apogeu no Renascimento, o comércio se despontava, enquanto o êxodo rural provocava um surto de urbanização. Enquanto o homem europeu se dividia entre a conquista material e a espiritual (Contra-Reforma), o cidadão brasileiro encontrava no quinhentismo semelhante dicotomia: a literatura informativa, que se voltava para assuntos de natureza material (ouro, prata, ferro, madeira) feita através de cartas dos viajantes ou dos cronistas e a literatura dos jesuítas, que tentavam inserir a catequese.
A carta de Pero Vaz de Caminha traz a referida dicotomia claramente expressa, pois valoriza as conquistas e aventuras marítimas (literatura informativa) ao mesmo tempo que a expansão do cristianismo (literatura jesuíta).
A literatura dos jesuítas tinha como objetivo principal o da catequese. Este trabalho de catequizar norteou as produções literárias na poesia de devoção e no teatro inspirado nas passagens bíblicas.
José de Anchieta é o principal autor jesuíta da época do Quinhentismo, viveu entre os índios, pelos quais era chamado de piahy, que significa “supremo pajé branco”. Foi o autor da primeira gramática do tupi-guarani e também de várias poesias de devoção."
Fonte: http://www.brasilescola.com/literatura/quinhentismo-brasileiro.htm
 Saudações Literárias!

sábado, 10 de abril de 2010

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Caros amigos,

Para compreender bem a linguagem literária, um passeio pelos fundamentos teóricos ajuda bastante, uma vez que amplia o nosso olhar sobre as diversas dimensões da leitura e da escrita.

De maneira prática, vejamos as diferenças entre linguagem denotativa e conotativa.

A denotação encerra todos os conceitos, os objetos aos quais os conceitos são atribuídos. Já a conotação é a vastidão de sentidos empregados nestes objetos, partindo da compreensão do sujeito, do contexto e do campo semântico que o idioma culturalmente e historicamente possibilita.

Lembremos da imortal Capitu, personagem de Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, publicada em 1900, embora a data da edição seja de 1899.

Para Bentinho, Capitu tinha "olhos de ressaca". O que seriam esses "olhos de ressaca"? Se pensarmos na palavra ressaca, como uma gíria do nosso tempo e da nossa região, logo concluiremos grosseiramente: Capitu tinha olhar de uma mulher bêbada. Contudo, se debruçarmos a atenção para o contexto do sudeste brasileiro em fim do século XIX e início do XX, esta nossa conclusão cairá por terra. 
E estendendo a leitura da obra um pouco mais, verificamos: "Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, com a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca."

Então, todos os sentidos de um mar em ressaca, tempestivo, revolto, são atribuídos ao olhar de Capitu. Uma linda metáfora que tem a sua glória ao se dizer “...uma força que arrastava para dentro...”. 

Sentimos como o Bentinho era sacudido por aquele olhar, como ficava fascinado, atado e impotente diante o magnetismo e a beleza daquele olhar que o tragava para a alma de Capitu ao mesmo tempo em que sentia a sua própria alma a tragando para si.

Vejam quantos sentidos, quantas sensações, quanta conotação é possível construir ao se dizer apenas: “olhos de ressaca”. Percebam o quão fantástico é o simples aprendizado de distinguir denotação e conotação! A nossa percepção se alarga nos horizontes da leitura e a nossa escrita consegue desbravar “mares nunca dantes navegados” do nosso idioma.
Para compreender melhor as diferenças, vejamos:


DENOTAÇÃO
  • Sentido restrito;
  • Foco no objeto;
  • Predominância na linguagem objetiva;
  • Uso da 3ª pessoa do singular ou plural;
  • Uma interpretação;
  • Significados “do dicionário”, original;
  • Não depende do contexto;
  • Impessoalismo.


CONOTAÇÃO

  • Sentido amplo;
  • Foco no sujeito;
  • Predominância na linguagem subjetiva;
  • Uso da 1ª pessoa do singular ou plural;
  • Possibilidade de diversas interpretações;
  • Sentidos figurados – uso de figuras de linguagem;
  • Depende do contexto;
  • Pessoalismo.


Vejamos a tirinha a seguir:




Como podemos perceber, em cada quadrinho, a palavra "siga" tem um sentido diferente, o que torna-se evidente com as imagens bem humoradas. O que possibilita essa diversidade de sentido? O próprio uso denotativo e conotativo da nossa linguagem.

Agora, aproveitem este aprendizado e apliquem na leitura e na construção das suas diversas ecritas.

Saudações Literárias

Obras e filmes para o Vestibular UFBA 2011

UFBA
Universidade Federal da Bahia

1ª fase
♦ As vítimas algozes - Joaquim Manuel de Macedo
♦ A correspondência de Fradique Mendes - Eça de Queirós
♦ Vidas Secas - Graciliano Ramos
♦ Quarup - Antônio Callado
♦ Os melhores poemas (antologia publicada pelo Fundo Nacional de Cultura/ MinC) - Cadernos Negros
♦ Senhora - José de Alencar

2ª fase
♦ As vítimas algozes - Joaquim Manuel de Macedo
♦ A correspondência de Fradique Mendes - Eça de Queirós
♦ Vidas Secas - Graciliano Ramos
♦ O largo da Palma - Adonias Filho
♦ Quarup - Antônio Callado
♦ Senhora - José de Alencar
♦ Macunaíma - Mário de Andrade
♦ Os melhores poemas (antologia publicada pelo Fundo Nacional de Cultura/ MinC) - Cadernos Negros
♦ O último vôo do flamingo - Mia Couto
♦ Os cem melhores poemas brasileiros do século - Italo Moriconi (org)

Filmes:
♦ A invenção do Brasil - Guel Arraes
♦ Cidade de Deus - Fernando Meireles
♦ Deus e o diabo na terra do sol - Glauber Rocha
♦ O baile perfumado - Lírio Ferreira e Paulo Caldas
♦ Diários de motocicleta - Walter Salles Jr.
♦ O homem que copiava - Jorge Furtado
♦ O que é isto, companheiro? - Bruno Barreto
♦ Adeus, Lenin - Wolfganger Becker
♦ Faça a coisa certa - Spike Lee
♦ O crime do padre Amaro - Carlos Carrera

Fonte: http://www.vestibular.brasilescola.com/blog/obras-literarias-para-2011.htm